Monday, July 10, 2006

29. A definição de “proposição”.

Veja a definição de “proposição” que se encontra no Dicionário Oxford: “Aquilo que é proposto ou declarado; o conteúdo de uma frase declarativa, suscetível de ser verdadeira ou falsa. Apreender uma proposição é compreender o que é dito, suposto, sugerido, etc. A mesma proposição é expressa por quaisquer duas frases, da mesma ou de diferentes linguagens, que sejam sinônimas, ou corretamente intertraduzíveis (sendo a tradução, neste caso, avaliada independentemente do tom, do ritmo e de outras implicaturas). (...) Para alguns filósofos, as proposições são os portadores primários de verdade e falsidade, sendo as frases verdadeiras ou falsas apenas de forma derivada, em virtude de exprimirem proposições verdadeiras ou falsas; mas para outros, as proposições são sombras duvidosas daquilo que é empiricamente dado: elocuções em contextos específicos.”
Talvez até este momento você tenha dificuldade em fazer a distinção entre o que chamamos de “pensamento”, no sentido proposicional, e “pensamento”, no sentido da psicologia popular. No segundo caso, temos em vista todo o universo pessoal de imagens e associações que fazemos, quando pensamos em algo; para compreender melhor esse ponto convém reler o trecho final do texto de Ernst Tugendhat, “Frase, Frase Enunciativa...”.
Façamos um exercício. Você diz para alguém que a casa dele está pegando fogo. Veja: trata-se de um enunciado, da apresentação de um certo estado das coisas, de um certo “estado de coisas”. Lembre de Aristóteles, do “apofântico”. A pessoa pode ter, diante dessa apresentação/estado-de-coisas-pensamento-proposição, as mais diversas idéias/reações-de-pensamento-pessoal. Nenhuma delas muda o ‘estado-de-coisas/pensamento-proposição/apresentação’ em questão; a menos que ele seja falso, que você queira apenas pregar um susto na pessoa.

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