17. Bernard Williams e a etologia humana
Voltemos à pergunta: quais podem ser os aspectos que todo ser humano tem em comum com todo outro ser humano? Uma outra forma de abordar essa questão consiste em perguntar: o que distingue o homem dos outros animais? O que é que distingue a consciência humana da consciência dos animais? Nosso ponto de partida é o fato trivial que o ser humano faz parte do reino animal. Uma das respostas que foi dada para a pergunta sobre a diferença entre os homens e os animais levou em conta a relação com o meio-ambiente. É notório que os animais tem um elevado grau de integração e dependência em relação ao meio-ambiente em que vivem, do ponto de vista climático e alimentar. Pelos, pele, garras, desenho corporal, são relativamente especializados e mantém relações funcionais com o meio-ambiente. A quantidade de comportamentos aprendidos na dimensão ontogenética é espetacularmente pequena quando comparada com o aprendizado humano. Pode-se dizer que as relações dos animais com o meio-ambiente são comandadas por dispositivos de reações; os seres humanos, ao contrário, adaptam-se aos ambientes mais variados. Isto revela, nesse caso, por um lado, uma falta de especialização do nosso organismo, e por outro, uma enorme plasticidade do mesmo; somos capazes, por exemplo, de viver no extremo frio do Pólo Sul e no extremo calor do Saara.
O filósofo Bernard Williams, em seu mais recente livro, refere-se a esse fenômeno da seguinte forma:
“A grande inovação representada pelo Homo Sapiens é a importância do aprendizado não-genético, o qual, com relação tanto à sua natureza quanto aos seus efeitos, assinala uma diferença etológica impressionante entre os seres humanos e os outros animais. Toda espécie tem uma descrição etológica, e o Homo Sapiens não é uma exceção; mas nesse caso, de forma única, não podemos contar nossa história etológica sem introduzir a cultura (considere, por exemplo, o que está imediatamente envolvido ao se responder a questão ‘em que tipo de lugares eles dormem’?). Conseqüentemente, supõe-se que a história vai ser significantemente diferente entre diferentes grupos de seres humanos, e em maneiras que tipicamente envolvem a história; em muitos casos, os seres humanos que estão sendo descritos também estarão conscientes daquela história, em graus variados. Tudo isso se segue das características etológicas peculiares desta espécie”. (Williams, Bernard. Truth and Truthfulness. An Essay in Genealogy. Princepton University Press, 2002.)
O filósofo Bernard Williams, em seu mais recente livro, refere-se a esse fenômeno da seguinte forma:
“A grande inovação representada pelo Homo Sapiens é a importância do aprendizado não-genético, o qual, com relação tanto à sua natureza quanto aos seus efeitos, assinala uma diferença etológica impressionante entre os seres humanos e os outros animais. Toda espécie tem uma descrição etológica, e o Homo Sapiens não é uma exceção; mas nesse caso, de forma única, não podemos contar nossa história etológica sem introduzir a cultura (considere, por exemplo, o que está imediatamente envolvido ao se responder a questão ‘em que tipo de lugares eles dormem’?). Conseqüentemente, supõe-se que a história vai ser significantemente diferente entre diferentes grupos de seres humanos, e em maneiras que tipicamente envolvem a história; em muitos casos, os seres humanos que estão sendo descritos também estarão conscientes daquela história, em graus variados. Tudo isso se segue das características etológicas peculiares desta espécie”. (Williams, Bernard. Truth and Truthfulness. An Essay in Genealogy. Princepton University Press, 2002.)
0 Comments:
Post a Comment
<< Home