Monday, July 03, 2006

7. A Semiótica

A Epistemologia (ou Teoria do Conhecimento) e a Ontologia (ou Metafísica ou Filosofia do Ser) são disciplinas vizinhas da Filosofia da Linguagem. Uma outra disciplina vizinha é a Semiótica. Vejamos uma definição da mesma, no Dicionário Oxford de Filosofia: “o estudo geral de sistemas simbólicos, incluindo a linguagem.” Assim, essa expressão aponta para um imenso campo de estudos, que inclui não apenas temas típicos da Filosofia da Linguagem, mas estudos sobre cultura, publicidade, moda, enfim, qualquer coisa que possa ser vista como pertencendo a um sistema simbólico.
Na História da Filosofia Moderna existe ao menos uma referência importante à Semiótica, feita por John Locke (1632-1704), em seu "Ensaio Acerca do Entendimento Humano". No final do livro, no Cap. XXI, intitulado “A divisão das ciências”, ele usa a palavra “semiótica” para designar um tipo de ciência, que ele chama de “a doutrina dos sinais”. Locke apresenta três tipos de ciências; a Filosofia Natural ou Física, ou ainda ciência especulativa, que visa o conhecimento das coisas como elas são; a Praktiké, que inclui a Ética, por exemplo, e visa a obtenção de coisas boas e úteis e as condutas corretas; por fim, diz Locke, há uma ciência chamada Semeiotiké, a doutrina dos sinais. Ele segue dizendo que o sinal “mais usual são as palavras, e isto é adequadamente denominado também Logiké, Lógica, cuja função consiste em considerar a natureza dos sinais que a mente utiliza para o entendimento (understanding) das coisas, ou transmitir este conhecimento (knowledge) a outros. Pois, desde que as coisas que a mente (mind) contempla não são nenhuma delas, além de si mesmas, presentes no entendimento, é necessário que algo mais, como o sinal ou representação da coisa considerada, deva estar presente nele, e estas são as idéias. E porque a cena das idéias que formam o pensamento de um homem não pode estar inteiramente aberta à inédita visão de outrem, nem situada em nenhum lugar, a não ser em sua memória, um não muito seguro repositório; portanto, para comunicar nossos pensamentos mutuamente, assim como para registrá-los para nosso próprio uso, sinais de nossas idéias são igualmente necessários; estes, que os homens descobriram ser mais convenientes, e portanto geralmente os usam, são sons articulados. A consideração, pois, das idéias e palavras como os grandes instrumentos do conhecimento não representa aspecto desprezível da contemplação de quem observaria o conhecimento humano em toda a sua extensão. E, talvez, se fossem distintamente pesados e devidamente considerados, nos oferecessem outro tipo de lógica e crítica, diferente daquele com que até agora temos nos familiarizado.”
Preste atenção na forma como Locke pensa a relação entre as palavras e as idéias.

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