Wednesday, July 05, 2006

15. Natureza da Antropologia Filosófica

Uma pequena revisão da importância da Antropologia Filosófica pode ser encontrada no ensaio recente de Ernst Tugendhat, “Nietzsche e o problema da transcendência imanente”, publicado no volume Não Somos de Arame Rígido (Edições da Ulbra, 2002), p. 77. Ali ele escreve: “O que significa antropologia filosófica? A antropologia filosófica distingue-se da antropologia enquanto etnologia, que é o estudo de diferentes culturas humanas (em inglês, se chama cultural anthropology). A antropologia filosófica é usada para designar o que é que distingue o homem em geral de outros animais. Talvez uma pergunta tão geral pode parecer exagerada. O homem não existe sempre em condições históricas concretas? Mas esta pergunta geral pelo homem como tal em contraste com suas diferentes condições históricas não é mais extravagante do que a pergunta geral pela moral, pela estética ou pela teoria da ação, em contraste com uma moral particular, etc.” A seguir, Tugendhat indica alguns autores e textos relevantes sobre o tema, e expõe sua posição favorável a uma retomada deste tipo de reflexão. Alguns elementos do que vou expor mais adiante estão claramente inspirados no texto dele.
A Antropologia Filosófica tem um antecedente ilustre na obra do filósofo Immanuel Kant (1724-1804). No seu manual de Lógica, Kant escreve que o domínio da Filosofia, no sentido cosmopolita, deixa-se reduzir às seguintes questões: 1) O que posso saber? 2) O que devo fazer? 3) O que me é lícito esperar? 4) O que é o homem? “À primeira questão responde a Metafísica; à segunda, a Moral; à terceira, a Religião. E à quarta, a Antropologia. Mas, no fundo, poderíamos atribuir todas essas à Antropologia, porque as três primeiras questões remetem à última.” (Lógica, A25)

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